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sexta-feira, 30 de junho de 2006

CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA



DIAGNÓSTICO DA REALIDADE

No decorrer dos anos a Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Roberto Löw direcionou sua proposta de ensino, mesclando a adoção de metodologias e práticas pedagógicas que possibilitavam os educandos prosseguir estudos em nível de Ensino Médio e, por outro lado, oferecendo condições para a obtenção de um mínimo de conhecimentos para serem aplicados no meio onde viviam, isto é, voltados a construção de uma mentalidade e consciência na organização da produção agrícola. Este aspecto era facilmente assimilado nos anos em que ocorreu a “ Revolução Verde”, com implantação de um “ modelo” agrícola que se expandia na era da mecanização e binômio das culturas do trigo e da soja, no período das “Vacas Gordas”.
A mentalidade existente na comunidade era de estudar até a 5ª ou 6ª séries e após continuar auxiliando nos trabalhos agrícolas ou no máximo formar-se no primeiro grau. Poucos se aventuravam a apostar na continuidade dos estudos e, em sua maioria, os que assim fizeram obtiveram êxito.
Para implementar estas práticas respeitou-se o estabelecido pelo Regimento Outorgado, com o núcleo comum formado por disciplinas básicas e pela parte diversificada , destacando-se as disciplinas de Técnicas Agrícolas e Comerciais, com projetos voltados a produção de hortigranjeiros, para inserção do educando na produção vegetal e para o abastecimento da alimentação dos educandos na merenda escolar.
Neste período eram valorizados os cálculos de porcentagem, cubagem e medidas de área de terra. A maior preocupação era a de repassar conteúdos voltados ao setor agrícola. Logo após, com a mudança principalmente da matemática moderna, o quadro se alterou. Dizia-se que era importante desenvolver o raciocínio e muitos pais começaram a questionar a nova forma de ensinar. A crise no setor agrícola e a implantação de novas tecnologias geraram excedentes de jovens trabalhadores na agricultura e a necessidade de uma formação mínima para a obtenção de um emprego. Começa uma corrida aos bancos escolares para a conclusão do primeiro grau e muitos também passaram a realizar o Supletivo. Esta crise no setor agrícola também ocasionou o êxodo de famílias a procura de melhores condições de vida, para o Norte do país, Centro, região calçadista do Vale do Rio dos Sinos e para o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Face a estas mudanças a escola procurou adequar-se ou reestruturar-se num projeto não mais voltado a questões meramente técnicas na formação de mão-de-obra e sim estabelecendo uma base de conhecimentos voltados a integralidade do Ser Humano, preparando-o para a vida no desenvolvimento de aptidões e respeito as diversidades culturais.
Em toda esta trajetória, até aqui destacada, percebe-se, através dos dados estatísticos, de que houveram índices elevados de reprovação e evasão escolar e o auge da curvatura esteve na transição das séries iniciais para as séries finais, principalmente na 5ª série, onde temos a divisão por área de conhecimento. Alegava-se que a reprovação decorria em função dos alunos que provinham de escolas unidocentes do município, na época pertencente a Ajuricaba, nas quais tinham “menor qualidade” de ensino. Mas o tempo mostrou que este não foi o fator principal e sim a dificuldade de traçar uma proposta de ensino respeitando o nível e estágio de desenvolvimento das crianças.
A falta de perspectiva e o empobrecimento da população rural, ocasionaram um clima desfavorável ao setor educacional, pois a comunidade, em sua grande parcela, geralmente espera resultados imediatos e deixa para a escola a função de educar, sob a alegação de não dispor de tempo e nem de recursos para investir nos filhos em casa. Associado a estes fatores, acrescenta-se a baixa remuneração dos profissionais da educação, que desestimulados não se aperfeiçoam o suficiente e continuam trabalhando sobre antigas metodologias, hoje consideradas inadequadas. Além disso, as greves constantes desgastaram o magistério e os governos, criando um certo descrédito da sociedade em relação às escolas, principalmente do interior, gerando conflitos e desencontros, fazendo com que poucos pais assumam responsabilidades em setores da escola como o CPM, tornando restrito a um grupo de pais participantes e fazendo com que os demais poucas vezes apareçam na escola.
A rotatividade dos profissionais e o acúmulo de atividades em mais de uma escola também têm prejudicado a integração, o envolvimento e a continuidade de projetos consistentes abrangendo as diferentes áreas do conhecimento. Outras vezes o processo burocrático impede avanços e alguns espaços conquistados, ficando no mero formalismo no cumprimento da legislação.
No contexto político-social e comunitário na qual a escola está inserida é importante destacar a Emancipação Político Administrativa do Município de Nova Ramada, ocorrida em 28 de dezembro de 1995 ( conforme Decreto de Criação), desmembrando-se de Ajuricaba. Naquela ocasião criou-se uma grande expectativa à população de Nova Ramada e a própria comunidade escolar, sendo a escola um dos principais órgãos em funcionamento do Estado no município emancipado.
Em 1997 iniciou a primeira gestão municipal e um fato polêmico criado foi a questão do transporte escolar. Através dos vereadores, com apoio da escola, direção, professores, alunos e pais, foi possível criar uma emenda popular e tornar lei o transporte de estudantes às diferentes redes de ensino no município. Isso passou a ser uma garantia para nossa escola, quando ocorreu o aumento da clientela escolar, também em decorrência da nucleação de algumas escolas.
Outro fator importante que impulsionou o processo de ensino foi a Lei de Gestão Democrática nº 10.576/95 que entrou em vigor antes da aprovação da LDB e proporcionou, via o repasse de recursos à comunidade escolar, direção e o Conselho, planejar e ordenar as despesas de manutenção e para materiais permanentes, dando autonomia aos estabelecimentos de ensino. Esta lei mesmo tendo alguns entraves na visão do magistério gaúcho (CPERS), possibilitou a eleição direta de diretores, a criação de Conselhos Escolares eleitos, conforme seus pares, e assim democratizou o processo de ensino, onde anteriormente o diretor era indicado pela Delegacia de Educação. A partir de então este conselho fiscaliza e delibera sobre as ações da direção, sejam político-pedagógicas, como administrativas e financeiras. Soma-se a estes aspectos a criação do Plano Integrado de Escola, que fez avançar o processo político-pedagógico, com a ampla participação da comunidade escolar, baseado nos seguintes princípios: que sociedade temos e que queremos formar ? Que escola temos e que queremos construir? Que direção, professores, funcionários, alunos e pais temos e queremos formar?
Com a LDB, Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996, e a já citada Lei de Gestão Democrática, foi possível estabelecer uma ampla discussão sobre o Sistema de Ensino empregado e assim reestruturá-lo. Passou-se para a criação de Temas Transversais, Interdisciplinaridade, que fez os professores ficarem inseguros com a nova forma empregada, porém houve avanços com a criação de vários projetos ambientais, de reflorestamento, recolhimento de lixo reciclável, minhocário e horta. Percebe-se que nesta etapa foi possível inclusive reduzir os índices de evasão e reprovação, com o retorno também de antigos estudantes à sala de aula.
Com recursos do material permanente conseguiu-se adquirir um computador e outros equipamentos do governo Estadual e Federal, como: fotocopiadora, vídeos, televisores, parabólica, que passaram a auxiliar e dar uma melhor qualidade ao trabalho escolar. Contudo, mesmo com estes avanços significativos, a escola ressente-se de um canal qualificado de comunicação, tendo em vista que o município ainda não dispõe de uma central DDD, impedindo o acesso à Internet e a própria eficiência na comunicação.


Um dos fatores polêmicos e que gerou muitas controvérsias foi a criação do FUNDEF, repercutindo diretamente no retorno das verbas repassadas ao município, conforme o número de alunos. Como o município realizava o transporte escolar e não ou muito pouco recebia do Estado na prestação de serviços a esta rede de ensino, passou a cogitar a municipalização do ensino, o que fez gerar protestos da comunidade escolar, mas não vindo a se concretizar. A partir de então a situação se complicou e ocorreu um recuo nas relações da escola x município, ampliada com a questão do Ginásio de Esportes em 1998, que deveria estar anexo à escola e foi construído na sede do município, que se encontra a 2 km da escola, e após acordo, os educandos são conduzidos quinzenalmente pelo transporte escolar do município para a prática de Educação Física.
Em 1999, com a escolha do povo gaúcho de um novo ou diferente projeto de governo, criou-se a Constituinte Escolar, quando foi estabelecido um amplo debate dos Princípios e Diretrizes da Educação, sendo aprovada no ano 2000.
A escola, através da nova direção, está se reestruturando novamente, havendo um avanço na aquisição de aparelhagem tecnológica, principalmente no setor de informática, na qual os alunos começam a realizar atividades de acordo com as orientações das diferentes áreas do conhecimento. Há também a previsão da ampliação da escola com novas salas de aula e biblioteca e a própria construção de uma quadra poliesportiva, melhoramento do Laboratório de Ciências e acervo bibliográfico da biblioteca.
A escola enfrenta, problemas ainda devido ao transporte escolar, no qual foram retiradas 4 linhas pelo município, reduzindo em torno de 50 alunos no ano de 2001 e, em conseqüência, baixando os recursos repassados pelo Estado à escola, o que dificultará a manutenção da mesma, pois do que será repassado, em torno de 70% destinava-se ao pagamento de energia elétrica. Já a partir de Setembro o Estado assumiu o pagamento da energia elétrica auxiliando assim na melhor manutenção da escola.
Outro aspecto a destacar são as questões disciplinares e o cultivo de valores éticos e morais que vem sofrendo profundas alterações. Se por um lado, a tempos passados, tínhamos uma sociedade embasada em padrões disciplinares rígidos, conseqüência da Ditadura Militar, vemos atualmente uma educação deliberada, sem limites,
influenciada pelos meios de comunicação. Percebe-se que há uma certa insegurança quanto ao que é ser autoridade sem ser autoritário, faltando uma metodologia comum na escola no que se refere as normas de convivência. Faz-se necessário clarear mais as competências de cada sujeito em sua função, seja docente, educando, direção, pais, para que realmente possa-se implementar a radicalização da democracia, respeitando as singularidades de cada indivíduo, sem cairmos no perigo de transformar nossas relações em uma falsa
democracia.




Neste momento a escola está elaborando o seu Regimento e reestruturando o seu Currículo, procurando adequá-lo a realidade na implantação de uma proposta libertadora, contextualizado num projeto voltado a comunidade de base familiar, sendo que os eixos temáticos vinculam-se a esta realidade, abordando assuntos como: O Ser Humano, Agricultura Alternativa, Saúde e Tecnologia. Procura-se criar, com esta abertura no projeto da escola, novos espaços de participação e estreitar as relações com a comunidade, onde podemos citar algumas conquistas: o MOVA, tendo suas atividades iniciadas em nossa escola no ano de 2001 e a projeção de inclusão do EJA em nosso currículo; a aprovação e implantação do Ensino Médio para 2002.
É através do novo currículo e regimento escolar que teremos a oportunidade de mudarmos a forma de educar, sabendo que enfrentamos problemas de ordem social, com exemplos de educandos que estão à margem da sociedade e numa formação familiar distorcida.
Nesta perspectiva há necessidade de, se estabelecer, uma proposta clara e objetiva, voltada ao campo popular. No sentido de fazer com que além do processo de inserção ao conhecimento que a escola oferece, devam vir acompanhadas políticas públicas. Não clientelistas e sim permanentes, com investimentos no setor agrícola de base familiar, pois se assim continuar, corremos o risco de gradativamente, com a evasão escolar e a fuga das famílias para outros locais, inviabilizar o ensino em nossa escola.
Contextualizamos este momento com as palavras de Miguel Arroyo, que dizem:
“Nessa prática de luta por direitos, de organização e mobilização dos trabalhadores encontramos uma nova forma de relação entre a Educação e a construção do Ser Humano e as conquistas se processam quando este for colocado como sujeito e que não seja simplesmente “educado”.

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