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quarta-feira, 2 de maio de 2007

PROJETO FINAL DO ENSINO MÉDIO 2007

PROJETO FINAL DO ENSINO MÉDIO 2007

DIRETOR: DARCY DALLABRIDA

VICE DIRETOR: WALDI ORLANDO REHFELD

COORDENADORA PEDAGÓGICA: NELCI CÔRTES BONA

INTRODUÇÃO

Existem várias formas que orientam a organização de um projeto. Com este documento não temos a pretensão de oferecer uma simples cartilha, mas de prestar uma orientação teórica e filosófica de acordo com o Projeto Político Pedagógico de nossa Escola. Parte de uma ação conjunta da equipe diretiva e pedagógica, juntamente com os professores da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw no sentido de orientar e servir como subsídio a realização de pesquisa por parte dos educandos do Ensino Médio.
Esperamos assim, contribuir para que o processo de ensino, análise e pesquisa evoluam na formação de educandos aptos a enfrentar situações adversas e futuras etapas do conhecimento.

O OLHAR DO PESQUISADOR

Profª Drª Ruth Marilda Fricke/2003


Muitos e diversos são nossos possíveis olhares sobre os fatos, os fenômenos. Eles se revelam frente aos espaços da realidade que observamos, com isso podemos afirmar que existe uma tendenciosidade implícita no olhar investigativo. Estes olhares são variáveis, pois dependem de quem faz a observação, assumem uma diversidade só perceptível ante a sua aferição no confronto com o episódio avaliado.
Segundo Heráclito, o mesmo peixe nas águas de um rio pode assumir uma diversidade de identidades dependendo do olhar que observa. De quantas maneiras se pode observar um peixe? Ele é carne, é rival, é renda, é companheiro, é parte das águas,... depende de quem olha de suas experiências, de sua intencionalidade. Sempre ainda será um peixe, enquanto as águas, pelas quais ele nada, nunca são as mesmas, pois correm em direção ao mar e para retornar como água se transformam se transmutam em muitas formas. Se você a percebeu num momento determinado, no instante seguinte ao recuperar a água desse rio, já não será mais a mesma ainda que continue a ser a água desse rio. Esta maleabilidade perpassa o olhar que se debruça sobre o peixe, pois interage com ele, transformando-o e transformando nossa percepção acerca das ações que se desenvolvem nesse meio. Para o filósofo grego somos um conjunto de explicações que reenquadram os seres e objetos na tentativa de facilitar a sua compreensão e conhecimento.
As múltiplas formas de exercer “o olhar do pesquisador” não se distinguem de maneira inequívoca, pois interagem na observação. No entanto, é possível assumir que determinados princípios predominam sobre os outros lhes atribuindo um caráter mais específico, particularmente.
As reflexões sobre os investigados são unilaterais e não interagem de forma a permitir uma ampla visão sem emissão de juízo de valor. A observação de fenômenos de forma não interativa leva o pesquisador a assumir um “olhar” externo, que tenta encontrar nas relações explícitas as razões de sua ocorrência. É importante que o pesquisador consiga multiplicar esse olhar, pois a riqueza das relações estabelecidas num fenômeno é tênua e demanda diversidade de olhares. Por outro lado, sua própria pesquisa referencial permitirá que a observação apreenda mais ângulos e detalhes despercebidos. Ainda assim, não interage com o investigado e deste modo tende a apresentar um viés e uma interpretação do fenômeno.
Nossa visão é seletiva e incapaz de transmitir com exatidão uma realidade a ser avaliada. Alguns se aproximam mais, outros se distanciam com dificuldades de se estabelecer, através dessa observação, um parecer clonado, isto é, o mais assemelhado possível. Muitos fenômenos trazem uma realidade implícita sob o apanhado explícito. Essas relações não vêm à tona com facilidade. É preciso refletir muito, tentando estabelecer razões muitas vezes inimagináveis para sua ocorrência. É possível reconhecer um descompasso entre o pesquisador e o investigado, pois as lógicas das ações são diferentes. Como absorver realidades que representam lógicas diferenciadas?
A nossa visão olha de forma a filtrar a compreensão, pois é precedida dos nossos conceitos e preconceitos. Na pesquisa partimos de uma hipótese relativa à relação entre variáveis. Interessa-nos compreender o significado dessas relações e, por isso, precisamos questionar sobre os porquês e em que circunstâncias essas relações ocorrem. A investigação deve servir como elemento de descoberta.
Por outro lado, uma pesquisa pode ser realizada de forma participativa e interveniente. O pesquisador interfere nos rumos do fenômeno, pois está intrinsecamente participante, ajuda a determinar os resultados.
Segundo Michel de Thiollent, a compreensão dos fenômenos passa por diversas e intrínsecas fases – ou seja, compreendemos os fenômenos pela codificação própria de nosso grupo carregada dos conceitos e paradigmas desse grupo. Compreendemos os fenômenos pelos nossos próprios meios de decodificação que passam pelas nossas experiências particulares que permeiam nossa forma de decodificar. E, ainda, utilizamos em parte as decodificações de nossos antagonistas que defendem paradigmas que seguem uma outra lógica que não é a nossa. Nesse embate formamos nossa compreensão dos fenômenos que evoluem com as mudanças que ocorrem nessas bases.
O pesquisador há de rever muitas vezes seu olhar sobre o fenômeno e concluirá que, a cada vez que se debruçar sobre o mesmo, mais relações extrairá. Muitas dessas observações serão antagônicas e revelam o grau de reflexão e as mutações ocorridas em seus referenciais. Dizem que são os paradigmas de referência que podem definir essas alterações. Estes, no entanto, estabelecem linhas de reflexões mais complexas e profundas que potencializam a análise.

Os fenômenos assumem, no entanto, vida própria independentemente do pesquisador e podem impor rumos diferenciados para as conclusões que não aquelas esperadas pelo pesquisador, da mesma forma que este cria espaços contraditórios em sua análise e muitas vezes independentes dos próprios fenômenos.
O que o pesquisador precisa ter em mente é que os referenciais não podem ser tão rígidos e imutáveis, mesmo intocáveis que não permitam observar relações novas e não pré-definidas. Por outro lado, a forma totalmente aleatória e sem disciplina de observação pode, justamente, levar a perda do novo que se esconde nos fenômenos.
Ler e reler repetidamente. Escrever e re-escrever repetidamente. Refletir exaustivamente. Deixar os conceitos e preconceitos esbarrarem em novas formas de percepção, permitirão um olhar mais qualificado dos fenômenos. Num certo momento, estabelecer que a “leitura” possível até aquele momento está na redação dada, não estanque e apenas o resultado de um exercício que sempre será um dos pilares para construções futuras.

THIOLLENT, M. Notas de aula, curso de Especialização em Ensino Superior.
Heráclito de Éfeso
Questionário:

1 – Segundo o texto “Olhar do pesquisador” da autora Ruth M. Fricke não há como manter um único olhar sobre os objetos e fenômenos analisados na pesquisa. Quais são os principais argumentos utilizados pela autora com relação a esta afirmação?

2 – Há várias formas de exercer o olhar do pesquisador sobre um objeto de estudo. Interprete a visão nº 01 na qual consta de que não há uma interação entre o pesquisador e o pesquisado.

3 – Da mesma forma do que a questão anterior interprete a “visão”nº 02 do texto.

4 – De acordo com a visão nº 05 interpretar a seguinte afirmação: “compreendemos os fenômenos pelos nossos próprios meios de decodificação”...

5 – O que e como este texto pode contribuir para o processo de pesquisa no Ensino Médio?

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